CASA DAS 7 ÁRVORES

(Em obra)

Casa das árvores
Uma casa que surge em meio à vegetação nativa do cerrado brasileiro de modo gentil e integrado à natureza.
Um presente e uma missão tocante. Numa das primeiras reuniões do projeto, a proprietária chega com um presente: um quadro, feito por ela mesma, contendo folhas recolhidas no terreno da futura casa.
Ela dizia que esta seria a recordação das árvores que seriam removidas para a implantação da casa.
Mais do que um presente, aquele quadro se tornou o motivador de um desafio: as árvores teriam mesmo que sair? Tínhamos nas mãos a missão utilizar a arquitetura em sua melhor capacidade: a de transformar espaços de forma respeitosa e adequada. Aquilo tinha se tornado um desafio pessoal:
preservar o maior número de espécies possível.

Autores/Coautores:

Matheus Mendes
Danilo Fontes
Lucas Martino

O terreno, com cerrado nativo, foi mapeado para a preservação das principais massas arbóreas existentes. As árvores chegaram antes da casa, assim, a arquitetura foi utilizada para respeitar e integrar o espaço construído com o espaço natural, criando uma edificação mimética – em cores, formas e espaços – e adequada, em técnicas construtivas e apropriação espacial.

Com sua arquitetura embasada em premissas sustentáveis, foram estudadas e utilizadas técnicas construtivas limpas e locais no processo construtivo:
Lajes em bubbledeck – compostas de painéis em concreto pré-moldado com bolas de plástico reciclado em seu interior – que auxiliam na diminuição do consumo do material e no aumento da eficiência térmica, acústica e geram economia de materiais. Além de limitarem o uso de formas de madeira somente aos pilares.

Tijolos ecológicos BTC (bloco de terra comprimido) que não emitem gás carbônico em sua produção, fabricados a 200 km do local da obra – aplicados em sua coloração e textura naturais, cor de barro do cerrado.

Revestimentos internos produzidos com técnicas sustentáveis.
Já a configuração espacial interna busca, a todo momento, se integrar a vegetação, gerando percepções da natureza no espaço interno, seja por meio de jardins internos de vegetação natural preservada do terreno original; de aberturas estrategicamente posicionadas para aproveitar a melhor orientação bioclimática, ou com novos jardins criados para ampliar a perspectiva visual e o caráter de mirante da edificação, que é vizinha à um vale, sem se transpor, em altura, às edificações lindeiras.

O programa de necessidades se cumpre de forma pouco usual: o coração da casa é a biblioteca.

Sem a intenção de ter filhos, os hobbies pessoais do casal foram priorizados. O dela, com a costura e as atividades manuais e o dele no ciclismo. Piscina, churrasqueira e itens de lazer usuais não seriam necessários. Em seu lugar viriam os jardins e o pomar. O ateliê e o bicicletário. Além de um local aconchegante para receber as matriarcas da família.

Sendo espaço central da casa, a biblioteca, ao revés de possuir um ambiente próprio, abraça toda a volumetria da cozinha, podendo ser acessada por um trajeto perimetral ao núcleo cozinha-circulação vertical. A intenção é que a casa toda seja a biblioteca, criando uma diversidade de espaços acolhedores para sentar e abrir um livro.

Buscando a independência dos usuários, a lavanderia foi posicionada no pavimento superior, facilitando assim a realização das atividades pelos próprios usuários, passando longe do antigo modelo de configuração triparticional burguês.

No pavimento inferior não há área de serviço, mas sim uma área com tanque construído em modelo tradicional, profundo, para jardinagem e banhos no cachorro. Atividades a serem realizadas pelos próprios moradores. O propósito é dar a maior independência possível aos proprietários.

Os desvios espaciais e volumétricos encontrados no projeto foram gerados a partir da necessidade de se cumprir o progama em convergência com a máxima preservação das massas arbóreas. Surge assim um volume destacado, já na parcela com maior declividade do terreo, que é o ateliê, apoiados sobre dois pilares – em árvore -executados em concreto aparente, que foram conformados da intersecção de dois prismas hexágonais.

Em que pese o impacto volumétrico, a dupla de árvores construídas permanece coadjuvante em meio à exuberância do cerrado preservado no terreno. Missão cumprida.

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